segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
I Simpósio Regional da ABHR-NE - 2013: Inscrições
I Simpósio Regional da ABHR-NE - 2013: Inscrições: MINICURSOS As propostas de minicurso serão abertas aos associados da ABHR, com titulação mínima de mestre e deverão levar em conta uma a...
I Simpósio Regional da ABHR-NE - 2013: Inscrições
I Simpósio Regional da ABHR-NE - 2013: Inscrições: MINICURSOS As propostas de minicurso serão abertas aos associados da ABHR, com titulação mínima de mestre e deverão levar em conta uma a...
sábado, 26 de janeiro de 2013
Ex-Votos
O gostoso da pesquisa, é ser sempre surpreendido, ainda mais quando encontra-se textos, e produções a cerca do que se é estudado e pesquisado.
Mais um texto referente a história, iconografia dos ex-votos.
O ex-voto é a designação erudita onde podem ser enquadrados os milagres e promessas. São oferetados as santos de particular devoção ou especialmente indicados por alguém que obteve uma graça ou milagre implorados, como um testemunho público de gratidão.
Os ex-votos eram muito utilizados na antiguidade greco-romana.
Embora sua origem seja desconhecida, sabe-se que foi difundido por volta do ano 2000 a. C.
O ex-voto é colocado em local público ou de acesso coletivo e apresenta uma série de formas testemunhais:
• representação iconográfica (pintura ou fotografia) da graça ou milagre obtidos, como ameaça de morte, doenças curadas, perigos evitados, milagres que salvam propriedades de incêndios, secas, enchentes, pragas, dívidas. O bem recuperado é retratado colocando-se numa legenda a narrativa do milagre e a identificação do agraciado e do agraciador;
• representação em forma de escultura retratando normalmente uma doença curada;
• inscrições em tábuas, mármores ou outro material "nobre" do testemunho ou gratidão pela graça alcançada;
• bens como jóias, dinheiro, objetos preciosos de uso litúrgico e até capelas construídas em agradecimento, como é o caso da Nossa Senhora do Ó, em Sabará, Minas Gerais;
• elementos simbólicos como velas e flores;
• cruzes usadas em peregrinações;
• representações de casas, edifícios e chaves de carros, acompanhadas de bilhetes referindo-se a aquisição do bem ou sobrevivência em desastres ou acidentes;
• carteiras de cigarros e garrafas de bebidas agradecendo o abandono do vício;
• representação de várias espécies de animais narrando a gratidão do proprietário pela cura do animal ou proteção de grave perigo.
Em Portugal, era comum pagar promessas feitas em momentos decisivos da nacionalidade, erigindo monumentos de grande beleza como o mosteiro de Alcobaça, construído por Afonso Henriques depois da tomada de Santarém aos sarracenos; o mosteiro da Batalha, como símbolo de gratidão a Santa Maria da Vitória pelo sucesso contra a Espanha e muitos outros, como a Torre de Belém, o convento de Mafra, a igreja de Nossa Senhora dos Mártires, em Tavira.
O hábito de oferecer ex-votos continua vivo para grande número de fiéis nas diversas camadas da população. Com o advento da fotografia e do ex-voto de cera semi-industrializada, desapareceu a preocupação de apresentar uma obra estética. O ex-voto perdeu em valor artístico, mas não deixou de ter um grande significado como forma de expressão da religiosidade, fé e esperança do povo brasileiro.
FONTES CONSULTADAS:
ARAÚJO, Iaperí. Elementos da arte popular. Natal: UFRN. Ed. Universitária, 1985.
CASTRO, Márcia de Moura. O ex-voto em Minas Gerais e suas origens. Cultura, Brasília, a.8, n.31, p.106-112, jan./mar. 1979.
SILVA, Maria Augusta Machado da. Ex-votos e orantes no Brasil: leitura museológica. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 1981.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Pequeno dicionário do povo Brasileiro.
Lélia Coelho Frota, foi uma critica e curadora de arte, poetista, tradutora e antropóloga, pesquisadora, e, tendo como seu foco de estudo a arte popular, então, pesquisando principalmente as manifestações da arte popular. Dentre esse tema, claro não poderia ter ficado de fora o objeto ex-votivo.
Abaixo um pouco da literatura da pesquisadora, tratado no "Pequeno Dicionário da Arte do Povo Brasileiro Século XX", em que uma ênfase ao ex-voto é dada.
No Brasil, há uma
vasta série de artefatos que são confeccionados e absorvidos por um mesmo
segmento da população regional ou vicinal. Todos ali detêm um conhecimento
compartilhado do seu significado. Estão neste caso os ex-votos ou “milagres” do
sertão nordestino, modelados secularmente em barro ou esculpidos em madeira,
expressão de fé pela graça recebida de um santo católico. Faz-se a promessa, o
voto. Atendido o pedido, cumpre-se a obrigação de dar testemunho do “milagre”,
o ex-voto, que pode assumir infinitas modalidades. Em geral é no quadro da
romaria que o pagador de promessa cumpre seu voto. Verifica-se a ação
institucional da Igreja católica como organizadora das cerimônias formais que
tradicionalmente constituem parte essencial desses ritos (missas, novenas,
confissões, comunhões). Ao lado delas, porém, há os módulos de representação
próprios do povo comum, que geralmente assumem a forma de comunicação direta
com o santo padroeiro, sem a intermediação do sacerdote No Nordeste,
dão testemunho disso as inumeráveis cartas escritas ao santo e colocadas na
igreja de sua invocação e o pagamento de promessas de diversa ordem, como o
carregar de pedras na cabeça no acompanhamento da via-sacra e de procissões, o
cumprimento de obrigações sob a forma de músicas cantadas na Sala dos Milagres,
de corte de cabelo, de vestição e entrega de “mortalhas” (hábitos de santos),
bem como figuras esculpidas em barro ou madeira. E ainda a entrega de
fotografias, jóias, espigas de milho, cabelos, óculos, cadeiras de rodas,
muletas, diplomas de formatura, livros escolares, peças de renda, cartas,
flores, navios, placas com inscrições, mamadeiras, velas, vestidos de noiva,
grandes cruzes de peregrinação, enfim, uma variedade inesgotável de objetos que
corresponde à multiplicidade das situações vividas pelos ofertantes. Caminhando
a pé enormes distâncias ou transportados em caminhão, romeiro de ambos os sexos
e todas as idades muitas vezes fazem retratar por fotógrafos que seguem o
roteiro das peregrinações para possibilitar aos fiéis a oferta ao santo, também
como ex-voto, da foto que, no Sudeste do país, já substituiu praticamente o
“milagre” pintado ou esculpido, juntamente com objetos de cera, moldados em
série, reproduzindo partes do corpo humano.
"Pequeno
dicionário do povo brasileiro", de Lélia Coelho Frota"
In Brazil, there are many different crafts made and absorbed by the same
segment of the regional or local population. There they all have a shared
knowledge of their significance. In this case, they are the ex-votos or
“miracles” of the north-eastern backlands, for centuries modeled in clay or
carved in wood, an expression of faith for the grace received from a Catholic
saint. The promise, the vow is then fulfilled and provides evidence of the
miracle, the ex-voto, in all shapes and sizes. In general, who pays the promise
fulfills his or her vow on a pilgrimage. We can mention São Francisco das
Chagas from Canindé and Juazeiro do Norte, both in the Ceará state Bom Jesus da
Lapa, Bahia state, Círio de Nazaré, Pará state, Bom Jesus de Matosinhos, Minas
Gerais state, Aparecida do Norte, São Paulo, as some of the largest pilgrim
centers in Brazil where this practice is commom. There the institutional action
of the Catholic Church can be seen as an organizer of formal ceremonies that
traditionally are an essencial part of these rituals (masses, novenas,
confessions, comunions). Alongside them, however, are the ways in which the
common people present them, which generally take the form of direct
communication with the patron saint without the priest’s intermediation. In the
Northeast, this is evident in the numerous letters written to the saint and
placed in the church of its invocation, and the payment of promises in
different ways, such as carrying stones on their heads as they follow the
Stations of the Cross and processions, fulfilling vows in the form of music
sung in the Hall of Miracles, cutting hair, wearing and offering “mortalhas”
(sacred habits) to the patron saint, as well as figures modeled in clay or
carved in wood. And also submitting photographs, jewelry, corn husks, hair,
eyeglasses, wheelchairs, crutches, graduation diplomas, school books, pieces of
lace, letters, flowers, ships, plaques with inscriptions, baby bottles,
candles, wedding dresses, large pilgrimage crosses, in short, and endless
variety of objects corresponding to the many different kinds of situation
experienced by the devout. The pilgrim of all ages, men and women, go long
distances on foot, or ride on trucks, very often have their portraits taken by
the photographers that follow the pilgrims’ route, to enable the faithful to
offer the photo to the saint, also as an ex-voto. In Southeast Brazil this
practice has already practically substituted the painted or carved miracle,
together with wax objects, shaped in series, reproducing parts of human body.
The girl who has her photo taken beside a sheep in Canindé, ordered by
the family, will offer the animal to St. Francis to fulfill a promise. It is
also common to submit no mandatory ex-votos in the small country-sides chapels
or shrines built in the vastness of the backlands.
In the State of Bahia, the famous festival of Senhor do Bonfim is held
in its church in the city of Salvador. The church was built on Itapagipe Hill
in the 18th century to house the miracle-working figure of Christ on the Cross
brought from Portugal in 1745. Since then, it has become one of the most
popular religious centers in the state, and includes African-Brazilian rituals
in its festivities. In Riscadores de Milagres (1967), Clarival do Prado
Valladares studies the church’s constant incoming ex-votos, carved or in
silverwork, or painted votive plaques, a practice that was common until the
20th century. Mention should be given to the role of João Duarte da Silva
(1860-1935) in votive plaques. He was a barber and riscador de milagres
(miracle sketcher) and nicknamed João Pinguelinho, living in Taboão, the center
of popular art production in Salvador. Among other activities, João Pinguelinho
would sign his painted ex-votos, by the pseudonym of Toilette de Flora, and
would keep up-to-date the centuries-old tradition of the painted miracles
relating to rescue from shipwrecks.
In Southeast Brazil, in Aparecida do Norte, Bom Jesus do Matosinhos, and
other pilgrimage centers, many painted ex-votos were made in the 20th century.
Dating from 1900 is an example of the miracle made by the boy Godofredo, who
had swallowed a nail, and in 1922, for example, the continuity of earlier
centuries of the miraculous facts relating to occupational accidents: Davi
Ramalho is grateful for being cured and shows the actual machine that injured
him, now in full industrial context.
Notwithstanding the beauty and great interest of the painted ex-votos
for history of art and cultural studies in Brazil, from the view-point of
visual creation, it is unique in the 20th century Western world the original
synthesis offered by the known variety of Northeastern ex-votos shaped in clay
and wood. From the endless plastic invention, these sculptures of faith by
anonymous artists in the backlands of Northeast Brazil, or accosionally by
artists such as Vitalino, and Master Dezinho, for example – for no payment,
since it was a vow – were displayed in exhibitions in Brazilian museums during
the 20th century, and in the art galleries and cultural foundations in Europe
and the USA.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Sala de Milagres de São Cristóvão em Aracaju
Cidade de São Cristóvão foi tombada pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 23 de janeiro de 1967, tendo
sido inscrita no livro de tombo arqueológico, etnográfico e paisagístico,
enquanto que, em nível estadual já havia sido elevada a categoria de Cidade
Histórica pelo Decreto-lei nº. 94 de 22 de junho de 1938, do
Governador-Interventor Eronildes Ferreira de Carvalho.
Os principais edifícios históricos do centro de São
Cristóvão, a cidade alta, possuem acautelamento governamental, ou seja,
tombamento. A Igreja e Convento de São Cruz, ou de São Francisco, e onde também
funciona o Museu de Arte Sacra, é o primeiro monumento tombado no Estado de
Sergipe pelo IPHAN em 1941 Igreja Matriz de Nossa Senhora das Vitórias, Igreja
do Rosário dos Homens Pretos e o Conjunto Carmelita (que conta com a Igreja e
Convento do Carmo, e a Igreja da Ordem Terceira que é mais conhecida como
Igreja de Nosso Senhor dos Passos) em 1943, sendo esse último citado o local
onde se encontra o museu e santuário dos ex-votos. Ainda naquele ano são
tombados os sobrados de Balcão Corrido da Praça da Matriz, o da Praça de São
Francisco e o da Rua Messias Prado. Em 1944, a Igreja e Antiga Santa Casa de
Misericórdia, que hoje é o Lar Imaculada Conceição. E em 1962, a Igreja do Amparo
dos Homens Pardos.
Em Agosto de 2010 o Comitê do Patrimônio Mundial da
UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)
anunciou, em Brasília, que a praça São Francisco, em São Cristóvão (SE),
é o mais novo patrimônio cultural da
humanidade.
O projeto não se fez de rogado, e após 2 anos voltou ao local para atualização do banco de dados. A disposição dos objetos na sala (museu) não foi muito alterada, apenas algumas modificações foram notadas. Também a inserção de novos objetos ex-votivos. Firmando assim a efemeridade ex-votiva, e a constante retratação de graças alcançadas por fiéis e devotos que vão ao local para depositar seu agradecimento.
Portal de entrada e saída da cidade |
Igreja de Bom Jesus dos Passos, local onde está localizada a sala de milagres e museu dos ex-votos. |
Vista panorâmica da sala |
Visão geral a partir da porta com grades que dá para praça. |
Teto, predominância dos ex-votos de madeira e alguns de pedras, os tonalidades verdes, creme e alaranjados. |
Vista panorâmica. |
Ex-votos em parafina com bilhete de agradecimento. |
Mesa com ex-votos variados em exposição: Imagens de santos, brinquedos, cabeças em gesso, membros em madeira barro, cimento, madeira, coroa de espinhos, fitas de cetim. |
Imagem de Santos em forma de agradecimentos. |
Cruzes que foram depositadas na sala
após peregrinação que acontece posterior
a semana santa.
Cabeça feminina em gesso. |
Brinquedo ex-votivos |
Cabeça em barro |
órgão in natura, colocado pós procedimento cirurgico |
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Carderno 2 mais do Jornal A Tarde, traz reportagem Cultura da fé com estudioso do tema ex-votos
Cultura da fé
O professor José Cláudio Alves de Oliveira, pesquisador do tema ex-votos, e coordenador do projeto Ex-votos das Américas, realizou entrevista ao Jornal a Tarde, no caderno 2+mais.
Abaixo a reportagem feita por Daniela Castro do grupo A Tarde.
O pesquisador, que coordena o projeto Ex-votos das Américas, acaba de chegar de viagemà Costa Rica. Na última sexta-feira, o pesquisador José Cláudio Alves de Oliveira chegou de uma viagem de estudos à Costa Rica, direto para uma entrevista na Colina Sagrada. Na bagagem, nos trouxe suas impressões sobre o santuário de Nossa Senhora dos Anjos, em Cartago, e uma constatação – seja onde for, a fé, Para além da religião,é um traço cultural. O tema vem à tona às vésperas de mais uma Lavagem do Bomfim, que faz aflorar em baianos e turistas o desejo de se comunicar com o divino. A fitinha colorida – para cada pedido um nó – é o caminho mais corriqueiro. Mas adentrar a sala de milagres da igreja permite desvendar um pedaço oculto da cultura do povo. O veículo que conta essa história é o ex-voto, objeto-símbolo de gratidão por uma graça alcançada. No caso da Igreja do Bomfim, a representação vai além das tradicionais réplicas de membros do corpo, feitas de parafina. Tem fotografia, resultado de exame médico, diploma de formatura, patente militar, imagem de santo, cópia do diário oficial, raquete, berimbau. Testemunho volátil “É um documento que testemunha uma história de vida, num espaço de cultura popular onde as pessoas têm a liberdade”. A história do povo, que não aparece na televisão nem no jornal, é publicizada através dos ex-votos”, defende o pesquisador de 45 anos, que há 23 se dedica ao assunto. Curiosamente, trata-se de um “arquivo” volátil por natureza. Por conta do volume de ex-votos depositados todos os dias há décadas, é preciso descartá-los de temposem tempos. Fotografias
e outros objetos de papel são incinerados. As peças feitas em parafina são
doadas às Obras Assistenciais Irmã Dulce, onde servem de matéria-prima para a
fabricação de velas. Eventualmente, algo vira “souvenir” de um visitante menos temente
a Deus. Traços do povo José Cláudio Alves de Oliveira coordena o projeto Ex-votos
das Américas, que conta com apoio do CNPq e Fapesp. A recente viagem à Costa
Rica integra a agenda de trabalho deste projeto, que já o levou também para
Estados Unidos e México. As próximas pesquisas serão na Guatemala, Nicarágua,
El Salvador e Porto Rico. Oliveira também coordena o Núcleo de Pesquisados
Ex-votos da Universidade Federal da Bahia, onde obteve formação em museologia,
história, artes visuais, comunicação e cultura contemporânea, além de atuar como
professor. Atualmente, faz pós-doutorado na Universidade do Minho, em Portugal. Em suas
incursões na Igreja do Bomfim, ele conta com a colaboração do padre Edson
Menezes, que valoriza o papel do ex-voto
como registro da religiosidade, mas não deixa de observar a dimensão cultural da
fé. “Não é à toa que Nossa Senhora tem os traços físicos e a cor década povo. No
Brasil ela é negra, na América Latina é índia, na Europa é branca”,
exemplifica. José Cláudio na sala de milagres da Igreja do Bomfim, que guarda
ex-votosA agenda de trabalho já o levou aos
Estados Unidos e México e o levará a outros países da América Central PERFIL
Estudioso há mais de 20 anos da simbologia cultural dos ex-votos, professor baiano
José Cláudio Alves de Oliveira pesquisa santuários e museus nas Américas Cultura
de fé. Editora Rocco / Divulgação
atarde.com.br/caderno2mais
O professor José Cláudio Alves de Oliveira, pesquisador do tema ex-votos, e coordenador do projeto Ex-votos das Américas, realizou entrevista ao Jornal a Tarde, no caderno 2+mais.
Abaixo a reportagem feita por Daniela Castro do grupo A Tarde.
O pesquisador, que coordena o projeto Ex-votos das Américas, acaba de chegar de viagemà Costa Rica. Na última sexta-feira, o pesquisador José Cláudio Alves de Oliveira chegou de uma viagem de estudos à Costa Rica, direto para uma entrevista na Colina Sagrada. Na bagagem, nos trouxe suas impressões sobre o santuário de Nossa Senhora dos Anjos, em Cartago, e uma constatação – seja onde for, a fé, Para além da religião,é um traço cultural. O tema vem à tona às vésperas de mais uma Lavagem do Bomfim, que faz aflorar em baianos e turistas o desejo de se comunicar com o divino. A fitinha colorida – para cada pedido um nó – é o caminho mais corriqueiro. Mas adentrar a sala de milagres da igreja permite desvendar um pedaço oculto da cultura do povo. O veículo que conta essa história é o ex-voto, objeto-símbolo de gratidão por uma graça alcançada. No caso da Igreja do Bomfim, a representação vai além das tradicionais réplicas de membros do corpo, feitas de parafina. Tem fotografia, resultado de exame médico, diploma de formatura, patente militar, imagem de santo, cópia do diário oficial, raquete, berimbau. Testemunho volátil “É um documento que testemunha uma história de vida, num espaço de cultura popular onde as pessoas têm a liberdade”. A história do povo, que não aparece na televisão nem no jornal, é publicizada através dos ex-votos”, defende o pesquisador de 45 anos, que há 23 se dedica ao assunto. Curiosamente, trata-se de um “arquivo” volátil por natureza. Por conta do volume de ex-votos depositados todos os dias há décadas, é preciso descartá-los de tempos
atarde.com.br/caderno2mais
Lavagem do Bomfim 2013 com cobertura da TVE, contou com a participação nos comentários do prof. dr. da UFBA/FACOM - José Cláudio A. Oliveira
HISTÓRIA
Em 1745, viajando para a província da Bahia e sofrendo durante a sua viagem avariações em sua nau, o Capitão Teodósio Rodrigues de Farias fez uma promessa ao Senhor Bom Jesus do Bomfim. Promessa que, chegando salvo à cidade, construiria uma igreja no local onde pudesse, bem ao alto, verificar a entrada da Baía de Todos os Santos. Certamente um local estratégico e aprazível. Daí, então, ser escolhido a colina de Montesserrat, onde hoje está situada a igreja. O referido templo levou nove anos para ser construído, e por isso só em 1754 deu-se a introdução da imagem que durante este período ficara recolhida no palácio arquiepiscopal de veraneio onde se denomina Igreja da Penha em Itapagipe (Igreja de Nossa Senhora do Rosário do Pópulo da Penha de França de Itapagipe de Baixo e Nosso Senhor Crucificado). A devoção da referida imagem viu-se acentuada gradativamente, isso porque o próprio relacionamento de seu fundador com a sociedade fizera com que as classes mais abastadas da época, que passou a visitá-la todas as sextas-feiras sem contando deixar de enviar seus escravos para, na quinta-feira, fazerem a lavagem da igreja. Sabe-se que o dia de sexta-feira se referencia a Nosso Senhor do Bomfim que no sincretismo religioso africano quer dizer Oxalá. Após a abolição da escravatura a lavagem continuou a ser efetuada por negros, que pouco a pouco foram modificando a sua forma. Isso porque deixava de ser uma obrigação religiosa. O cortejo da lavagem (procissão) tem o seu itinerário sempre a partir da Conceição da Praia, entretanto é bom que se ressalte que de início o mesmo era feito por via marítima. Os barcos ancoravam até o alto da colina. Mais tarde, com o aterro da parte da cidade baixa a viagem passou a ser feita por bondes de burros e carroças, até que, em meados da década de 1930, foi construída avenida Jequitaia, e com o advento do bonde elétrico, tornou-se mais viável e rápido o percurso. Muitos vinham a pé, outros dos mais diversos meios de transporte, até mesmo a cavalo; como ainda hoje o fazem. Com o passar do tempo, a lavagem continua, embora de forma diferente. A multidão é imensa, as barracas proliferam-se, e os peregrinos deixam a Conceição às primeiras horas da quinta-feira. Enquanto isso, desenvolve-se, na igreja, a novena em homenagem ao Santo: No início, eram várias as embarcações que vinham do interior e por não existir nenhum tipo de iluminação na cidade, grande quantidade de feixes de lenha era trazida dos mais diversos pontos do Recôncavo Baiano, por via marítima, e empilhada na lareira que dava acesso pelo fundo da igreja ao seu largo (hoje Ladeira da Lenha) no qual eram armadas fogueiras para os folguedos noturnos, que mais tarde fora substituídos pelos lampiões, seguidos dos gasômetros e finalmente pela luz elétrica. Nos dias atuais vemos um dos pontos mais visitados em Salvador. Em termos de romaria, nem tanto, embora o fluxo de ex-votos na sala de milagres seja grande. São muito os “pagadores de promessas”. Mas as romarias ficam para trás, perdendo para Candeias, Ituaçu e Bom Jesus da Lapa, todos santuários Baianos. Os ex-votos no Bomfim estão dispostos na sala de milagres e no museu dos ex-votos, ambos no corredor direito da igreja. A sala já tem os “sensores” que solicitam colocar “a graça” num pequeno baú ao chão. O museus é rico em ex-votos dos séculos XVIII até os dias atuais, ex-votos que vão da pintura aos milagritos, dos escultóricos às camisas de jogadores de futebol.
Texto: José Cláudio A. Oliveira.
Imagem: José C.A.Oliveira
Imagem: José C. A. Oliveira
Imagem: José C. A. Oliveira
O Vídeo, registra o agrupamento e interação dos devotos em frente à Igreja do Senhor do Bomfim, (na festa e lavagem das escadarias, ano de 2013) a partir da instalação da TVE (TV Educativa) de Salvador, que transmitiu ao vivo a festa religiosa.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
Ex-votos em pauta.
O termo ex-voto, ainda é desconhecido por muitos. Desde a sua "origem" ao seu significado, desperta muito debate, curiosidade e pesquisas. É tema de artigos, tccs, conclusões de mestrados, doutorados, e por ai vai. Então, a partir claro, do núcleo de pesquisa, e da constante pesquisa referente ao objeto, e toda a sua possível leitura, fruição, e curiosidade, segue alguns links que trabalham o tema.
O
EX-VOTO. Testemunho colocado
através da desobriga em salas de milagres de igrejas e santuários católicos, em
formas variadas de bilhetes, esculturas, quadros pictóricos, fotografias,
mechas de cabelo, CDs, DVDs, monóculos, enfim uma infinidade de objetos que
ficam no espaço denominado “de milagres”. Em um dicionário da língua portuguesa
encontra-se a seguinte definição: “Quadro, imagem, inscrição ou órgão de cera
ou madeira etc., que se oferece e se expõe numa igreja ou numa capela em
comemoração a um voto ou promessa cumpridos”. (FERREIRA, Apud OLIVEIRA, 2009).
As enciclopédias nacionais brasileiras seguem a mesma linha definidora do
dicionário, ao conceituarem o ex-voto como quadro ou objeto suspenso em lugar
santo, em cumprimento de promessa ou de memória de graça obtida. Ou ainda
definindo-o como expressão de culto que quase sempre assume forma retributiva,
concretizada na oferta de elementos materiais, em agradecimento de qualquer
intervenção miraculosa ou graça recebida. (Id.) Esculápio, médico na
Antigüidade, na Grécia, recebia daqueles a quem curava, a reprodução do braço,
perna ou cabeça do doente. Objetos que traziam em suas formas os traços, as
marcas e os sinais, artisticamente detalhados, dos males ocorridos nas
referidas partes do corpo. Esse costume se generalizou a partir dos gregos,
tomando conta, por volta de 2000
a .C., de grande parte do Mediterrâneo, em locais
sagrados, santuários, onde os crentes pagavam suas promessas aos seus deuses.
Texto professor José Cláudio.
http://www.cult.ufba.br/enecult2008/14423.pdf
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
Lançamento da 3ª edição de 2012 da Revista Folkcom
Revista Folkcom
lança terceira edição de 2012
A terceira edição (n. 21) da Revista Internacional de Folkcomunicação (RIF) de 2012 (disponível no endereço: http://www.revistas.uepg.br/ ou http://www.revistas.uepg.br/ index.phpjournal=folkcompage=issue&op=current), traz um conjunto de textos com leituras
folkcomunicacionais sobre as manifestações da cultura popular. Em artigos,
resenhas, entrevista e ensaio fotográfico, a edição apresenta valiosas
incursões no universo folk ao publicar trabalhos que atualizam temáticas,
propõem abordagens conceituais para o estudo de objetos da cultura e da
comunicação popular e desvendam elementos folkcomunicacionais na poesia, na
música, na religiosidade, na literatura, na dança, etc.
Na seção de artigos, constam seis textos produzidos por autores que se dedicam ao estudo da cultura popular pela folkcomunicação: Maria Isabel Amphillo (UMESP), Cristian Aguilar (Universidad Austral de Chile), Eliane Mergulhão (UNIP), Amaro Xavier Braga Júnior (UFAL/UFPE), Orlando Berti, Evandro de Sousa e Joel Cardoso (UESPI), Lilian Cristina Holanda Campelo e Rogério Henrique Almeida (UNAMA).
A seção Ensaio Fotográfico traz o tema “Coisas de feira, feira de coisas” em um trabalho produzido pela professora Maria José Oliveira em visita à Feira Livre da Avenida Brasil, que existe há 45 anos em Juiz de Fora/MG. A edição da RIF oferece ainda uma entrevista realizada por Karina Janz Woitowicz com o autor, ator e cordelista Edmilson Santini, que explica os princípios do teatro de cordel e destaca algumas de suas produções.
A seção de Resenhas traz dois livros publicados recentemente que se relacionam com os estudos de folkcomunicação e cultura (“Festas juninas em Portugal”, de Severino Alves de Lucena Filho e “Turismo cultural e patrimônio imaterial no Brasil”, de Edson Leite), em textos produzidos por Guilherme Fernandes e André Bonsanto Dias, respectivamente. E Gabriel Carvalho participa da RIF com um texto publicado na seção Discografia sobre o CD “O sacro e o profano”, do Quarteto Colonial.
Com este conjunto de reflexões e análises em torno da cultura e da comunicação popular, a última edição da RIF em 2012 pretende servir como espaço de debate e interlocução sobre a folkcomunicação, ao publicar colaborações de autores do Brasil e do exterior que tratam de temáticas e abordagens pertinentes à consolidação dos estudos folk.
A terceira edição (n. 21) da Revista Internacional de Folkcomunicação (RIF) de 2012 (disponível no endereço: http://www.revistas.uepg.br/ ou http://www.revistas.uepg.br/
Na seção de artigos, constam seis textos produzidos por autores que se dedicam ao estudo da cultura popular pela folkcomunicação: Maria Isabel Amphillo (UMESP), Cristian Aguilar (Universidad Austral de Chile), Eliane Mergulhão (UNIP), Amaro Xavier Braga Júnior (UFAL/UFPE), Orlando Berti, Evandro de Sousa e Joel Cardoso (UESPI), Lilian Cristina Holanda Campelo e Rogério Henrique Almeida (UNAMA).
A seção Ensaio Fotográfico traz o tema “Coisas de feira, feira de coisas” em um trabalho produzido pela professora Maria José Oliveira em visita à Feira Livre da Avenida Brasil, que existe há 45 anos em Juiz de Fora/MG. A edição da RIF oferece ainda uma entrevista realizada por Karina Janz Woitowicz com o autor, ator e cordelista Edmilson Santini, que explica os princípios do teatro de cordel e destaca algumas de suas produções.
A seção de Resenhas traz dois livros publicados recentemente que se relacionam com os estudos de folkcomunicação e cultura (“Festas juninas em Portugal”, de Severino Alves de Lucena Filho e “Turismo cultural e patrimônio imaterial no Brasil”, de Edson Leite), em textos produzidos por Guilherme Fernandes e André Bonsanto Dias, respectivamente. E Gabriel Carvalho participa da RIF com um texto publicado na seção Discografia sobre o CD “O sacro e o profano”, do Quarteto Colonial.
Com este conjunto de reflexões e análises em torno da cultura e da comunicação popular, a última edição da RIF em 2012 pretende servir como espaço de debate e interlocução sobre a folkcomunicação, ao publicar colaborações de autores do Brasil e do exterior que tratam de temáticas e abordagens pertinentes à consolidação dos estudos folk.
A
Revista Internacional de Folkcomunicação (RIF) é um espaço editorial para
publicação de trabalhos.
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