domingo, 29 de julho de 2007
quinta-feira, 26 de julho de 2007
ACIDENTE COM ROMEIROS EM MINAS GERAIS
Disponível em http://noticias.uol.com.br/ultnot/agencia/2007/07/26/ult4469u8134.jhtm
Dezessete pessoas morreram em acidentes em rodovias de Minas Gerais entre a noite de ontem e madrugada de hoje, segundo informações da polícia rodoviária.
Um ônibus da empresa Xavier Turismo colidiu de frente com um caminhão, na rodovia MG-122, na altura do quilômetro 122, entre as cidades de Janaúba e Porteirinha. Pelo menos 11 pessoas morreram e 23 ficaram feridas.
O ônibus transportava romeiros, que voltavam de Bom Jesus da Lapa (BA) para Chapada do Norte (MG). A carga de cerâmica do caminhão ficou espalhada na pista e o trânsito foi interrompido nos dois sentidos da estrada.
terça-feira, 24 de julho de 2007
APOIO PARA IDENTIFICAÇÃO ICONOGRÁFICA - Escultura.
N. Sra. Aparecida. Acervo NPE |
Linhas mestras da composição e estilística. Figura de pé ou apoiada em uma perna ou em um objeto. Sentada, onde e como. Ajoelhada. Posição dos braços (trazendo ou não um objeto). Medida da cabeça com relação ao corpo, ou seja: cânone de quantas cabeças. Cabeça voltada para que direção.
2.1. ROSTOOval (simples, afinado no queixo, arredondado, quadrado, alongado, com morfologia triangular determinada pela barba, modelado). Quadrado. Alongado. Redondo, terminado em ponta.
3.2.1. Ordens: carmelita, franciscana, dominicana, beneditina...
4. FIGURAS SECUNDÁRIAS. Tomam-se as medidas e faz-se uma descrição resumida da peça.
sexta-feira, 20 de julho de 2007
TEXTO PARA O XIII CONGRESSO BRASILEIRO DO FOLCLORE, CE.
Palavras-chave: Ex-votos, arte, religiosidade, folkcomunicação
GT: GT01 Religiosidade Popular
Os fenômenos religiosos absorvem três categorias fundamentais: as crenças, os ritos e os mitos. As primeiras, são estados de opinião e consistem de representações simbólicas; as segundas, constituem tipos determinados de ações; e as últimas são a motivação da fé.
DEFINIÇÕES PARA SANTUÁRIOS CATÓLICOS.
O conceito de capela referencia a pequena igreja, com apenas um altar, subordinada a uma paróquia; por muitos também chamada ermida, orada, santuário. Dessa variação derivol-se cada um dos locais, em uma igreja, reservados para oração, meditação ou pequenos serviços religiosos, onde fica um altar de santo. É o caso, no MAS-UFBA, dos “nichos” na nave da Igreja de Santa Teresa.
ERMIDA
Hoje, quando se fala de ermida a referência principal é para uma pequena igreja ou capela em lugar ermo ou fora de uma povoação
Porém, em sua etimologia, o termo define, em latim “eremíta,ae” 'lugar deserto, afastado, o que vive ou fica solitário, nesse lugar'. Daí vem o termo que referencia a 'pequena igreja em lugar ermo', trabalhado pelos gregos como “érémos” ou “erêmos”, ou seja: 'deserto'.
IGREJA
O termo advém do grego ekklésía, que pertencia as 'assembléia por convocação, assembléia do povo ou dos guerreiros, assembléia dos Anfictiões, assembléia de fiéis. Tais reuniões passaram a ter o lugar, a igreja', que, durante a cristandade, passou a ser o ajuntamento dos primeiros cristãos, a comunhão cristã, igreja, templo'. Em termo de arquitetura a igreja passa a ser o espaço destinado a liturgias.
BASÍLICA
O termo vem do latim “basilìca,ae” “basílica” e do grego “basilikê”; cuja grafia, no século XV passou a ser “basílica” e no século XV “basillica”. Em termos de arquitetura, a basílica, entre os romanos, foi definida como um edifício público, coberto e retangular, com três naves separadas por colunas, que abrigava mercados, tribunais ou onde se reuniam comerciantes e pessoas ociosas, e no qual, mais tarde, se congregaram os primeiros cristãos. Daí a designação das primeiras igrejas cristãs que conservaram o mesmo plano desse edifício profano.
segunda-feira, 16 de julho de 2007
BOM JESUS DE MATOSINHOS EM MINAS GERAIS: ARTE E DEVOÇÃO
Apesar das histórias sobre os santos milagreiros em várias localidades, é inquestionável a devoção ao Bom Jesus de Matosinhos em Minas Gerais. Beleza exuberante e de referência do estilo barroco colonial mineiro, o santuário destaca-se pela riqueza artística localizado na colina do Maranhão em Congonhas. Construção erguida no final do século XVIII e inicio do século XIX traz a colaboração de vários artesãos na decoração do templo.
Segundo lenda, a imagem mais antiga do Senhor Bom Jesus remonta da cidade de Matosinhos em Portugal, no século XIII. Conta-se que a primeira estátua esculpida por Nicodemos, testemunha da vida de Cristo, na Palestina, atravessou o Mediterrâneo e foi encontrada na praia da Espinheira por portugueses. Narra-se que a imagem estava sem um dos braços e anos depois foi encontrada por uma criança que obteve um milagre no momento ocorrido.
No Brasil, a devoção ao santo milagreiro acontece no século XVIII, quando o minerador português Feliciano Mendes acometido de grave doença roga ao Bom Jesus para estabelecer a saúde. Com a graça alcançada em cumprimento e devoção ao santo manda erguer um templo em sua homenagem. Tem destaque o adro da basílica com a reprodução dos doze profetas esculpidos por Aleijadinho, o seu atelier, os Passos da Paixão e a decoração interior do santuário. Compõem também o acervo arquitetônico a Capela do Sagrado Coração de Jesus Cristo aonde são encontrados os ex-votos na Sala dos Milagres e as edificações coloniais no decorrer do percurso ao templo. O Santuário do Bom Jesus de Matosinhos é um dos mais belos patrimônios artísticos da Arte Sacra Cristã brasileira. Objetos religiosos esculpidos em pedra-sabão, cedro, dentre outros, atravessam os aspectos singulares da arte e perpetuam as tradições populares de dedicação ao santo milagreiro. História, lenda e arte misturam-se as peculiaridades da devoção ao Bom Jesus de Matosinhos. Ao chegar a Praça da Basílica em Congonhas, peregrinos, pesquisadores e curiosos contemplam ambiente pleno de religiosidade e produção artística do Brasil.
quarta-feira, 11 de julho de 2007
AS DUAS PENHAS
Por Bruno Dantas
Para quem chega ao Rio de Janeiro, quer pela Avenida Brasil ou pela linha vermelha, é impossível não ver, no alto de um enorme penhasco, o Santuário de Nossa Senhora da Penha. Localizado em uma enorme e belíssima área verde, logo na entrada da cidade, no bairro da Freguesia de Irajá, o Santuário é considerado um dos principais monumentos religiosos do Estado.
Sua origem remonta ao início do século XVII, por volta de 1635, quando o Capitão Baltazar de Abreu Cardoso, que era o proprietário de toda a área no entorno do atual Santuário, mandou construir no alto do penhasco uma pequena capela, onde colocou uma imagem de Nossa Senhora, em agradecimento por uma graça recebida. Conta a lenda que um dia passeando por suas terras, o Capitão se deparou, ao pé do penhasco, com uma enorme serpente, pronta para atacá-lo. O Capitão era devoto de Nossa Senhora e pediu sua ajuda, surgindo nesse preciso momento um lagarto inimigo das serpentes, travando-se uma luta mortífera entre os dois animais, possibilitando a fuga do capitão. Assim, reconhecendo que foi salvo graças ao pedido de proteção a Virgem Mãe, mandou edificar a capela.
O Santuário da Penha conta com uma grande infra-estrutura para acolher todos os fiéis, romeiros ou mesmo simples turistas, que visitam o local em grande número durante o ano inteiro. Além da igreja no alto do penhasco, fazem parte do conjunto mais uma igreja, uma lanchonete, sanitários, uma loja de artigos religiosos, um museu, Sala dos Milagres, infelizmente aberta junto com o museu somente aos domingos, e uma concha acústica para eventos.
Para aqueles que não desejam subir os 382 degraus da escadaria principal, o acesso pode ser feito através de um novíssimo bondinho teleférico, com capacidade para transportar cerca de 500 pessoas por hora.
CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA PENHA – ESPÍRITO SANTO
O Convento de Nossa Senhora da Penha, em Vila Velha, é um dos santuários mais antigos do Brasil e uma das mais belas obras arquitetônicas do período colonial, sendo o mais notável monumento religioso do Estado do Espírito Santo. Situado no alto de um morro de 154 metros de altura, no bairro da Prainha, o Convento tem uma vista deslumbrante, tendo de um lado a cidade de Vila Velha e do outro a cidade de Vitória, com o oceano Atlântico ao fundo.
A origem do Convento da Penha data de 1558, ano da chegada em Vila Velha do Frei Pedro Palácios, frei franciscano espanhol, que veio para o Brasil com os portugueses. Frei Pedro não construiu propriamente o convento, no início morava numa gruta, ao pé do morro. Pouco tempo depois, edificou uma ermitã dedicada a São Francisco de Assis num largo, em cima do morro, ao pé de uma rocha, onde colocou um painel de Nossa Senhora dos Prazeres que trouxe de Portugal. Em 1568, Frei Pedro mandou edificar uma capela no cume da rocha, onde colocou no altar uma imagem de Nossa Senhora da Penha, encomendada de Portugal. Esta capela foi o embrião do atual convento, sendo ampliada e reformada até se tornar o monumento que é hoje. Em 1644, construíram o corpo da Igreja, transformando a capela existente em capela-mor e no ano de 1651 deu-se início à construção do convento.
O Convento da Penha é a parte principal de um conjunto formado pela Ladeira das Sete Voltas (ou Ladeira da Penitência), Capela de São Francisco, gruta de Frei Pedro Palácios, oratório de Nossa Senhora da Penha, pelas ruínas das casas dos escravos, pelo Museu, Sala dos Milagres, além de contar com lanchonete e loja de lembranças de artigos religiosos em geral. A função do convento continua sendo religiosa, mantendo-se a celebração de missas, mas o Santuário recebe também grande número de romeiros e turistas o ano inteiro.
terça-feira, 10 de julho de 2007
PARTICIPAÇÃO NO VII CINFORM, em Salvador
Resumo: O artigo reflete sobre os museus virtuais diante da apresentação dos objetos dos seus acervos. O texto também tece uma comparação entre museus tradicionais e museus virtuais no que se refere ao sistema de documentação, responsável pelas informações dos objetos do museu. Em seu desenvolvimento analisa a qualidade e quantidade de informações que os museus na Internet disponibilizam para a investigação científica. Reflete também sobre os “catálogos museológicos on-line”, meras páginas divulgadoras de museus; os Cibermuseus (CM), criados para funcionar propriamente no ciberespaço, disponibilizando 100% dos seus acervos para qualquer nível de pesquisa; e os Museus Digitais (MD), conceituados como aqueles de interfaces com os Museus Presenciais (MP), sem a totalidade dos seus acervos na rede, disponibilizando pequena porcentagem de informação. A base teórica advém das teorias de Niklas Luhmann, no campo da informação, e Pierre Lévy, na cibercultura e do ciberespaço.
PARTICIPAÇÃO NO IX INTERCOM-NE, em Salvador
Este foi o título do artigo e da comunicação feita no IX INTERCOM-NE, que aconteceu em Salvador, Bahia, entre os dias 7-9 de Junho de 2007.
O intuito do artigo é analisar alguns aspectos folkcomunicacionais, dos ex-votos, em especial os bilhetes, encontrados em salas de milagres dos santuários de Juazeiro do Norte, Aparecida e Trindade. O trabalho parte de dados coletados no Projeto Ex-votos do Brasil, in locus, com teorias pertinentes em Comunicação e Cultura Popular. Busca-se situar algumas questões relativas à gramática da escrita e aos suportes, que trazem características marcantes de uma rica tradição latina de longa duração, que almeja a relação entre o crente e o ente superior.
quarta-feira, 4 de julho de 2007
TEXTO E COMUNICAÇÃO NA XXX INTERCOM
Este é o título do texto que será apresentado na INTERCOM. O intuito do texto é elucidar o Projeto de Pesquisa Ex-votos do Brasil, e em especial a análise sobre os bilhetes e cartas encontrados em salas de milagres dos santuários de Juazeiro do Norte, Aparecida e Trindade. O trabalho parte de dados coletados nas incursões in locus, com teorias pertinentes à Folkcomunicação, buscando situar algumas questões relativas à gramática da escrita e aos suportes, que trazem características marcantes de uma rica tradição popular e religiosa de longa duração, que almeja a relação entre o crente e o ente superior, e que informa ao público em geral as glórias alcançadas.
terça-feira, 3 de julho de 2007
O SANTUÁRIO DE CANDEIAS. Por Renilda do Vale
O SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DAS CANDEIAS – UMA HISTÓRIA DE FÉ
Renilda Santos do Vale
renildadovale@yahoo.com.b
Acadêmica do Curso de Museologia da Universidade Federal da Bahia.
Abstract:
This article is a study on the shrine of Our Lady of Candeias, in the city of Candeias, (Recôncavo of Bahia). The church is dated from the end of the XVIII century, rebuilded in the end of the XIX century. Placed by the side of a “ridge”, its façade faces the Bay of All the Saints, positioned with its back to the city. Shrine is the place for meditation, and to the Catholics they are churches for pilgrimage, and they have a structure (esplanade, to get people together).
Keywords:
Shrine, Candeias, Our Lady of Candeias, Miracle, Church.
A cidade de Candeias faz parte do recôncavo baiano, na direção norte-oeste, sentido Salvador. O território está no litoral da Baía de Todos os Santos, a 45 km de distância da capital, possui uma área de 265,5 km e uma população de aproximadamente 88 mil habitantes.
A cidade tem construções simples e não apresenta um estilo predominante, com exceção de algumas casas do centro da cidade, o casarão da prefeitura e a própria Igreja Matriz (Santuário) Nossa Senhora das Candeias, que lembram o antigo estilo neocolonial. É sobre o Santuário de Nossa Senhora das Candeias que trataremos neste artigo. A palavra Santuário (do latim scrinium) é um lugar de meditação, pode ser um local santificado por um objeto ou suas associações, ou a tumba de uma pessoa venerada tal como um santo. Em arte sacra, para que uma igreja seja considerada santuário, é preciso ter um circuito para circulação de pessoas, esplanada, que é uma área de acolhimento de pessoas e que também serve para celebrar as missas, peregrinações e romarias ao seu destino. Será abordado um pouco da história do Santuário, fatos importantes que o envolvem (procissões e romarias). Mas principalmente a situação atual do Santuário, ou seja, uma descrição da Igreja (arquitetura e acervo), abrangendo também o circuito de circulação das pessoas, a sala de ex-votos, o velório (ou sala das velas), a fonte dos milagres e a programação da festa do santuário.
Breve história do Santuário
No antigo engenho Pitanga (pertencente aos Jesuítas), hoje Candeias, foi edificada, há mais de três séculos, uma pequena ermida em honra de Nossa Senhora das Candeias. O início da devoção a Nossa Senhora das Candeias (pelas informações encontradas no século passado) aconteceu no século XVI, através de um milagre em favor de uma menina cega. A notícia se espalhou e, em pouco tempo, de todos os lugares, apareciam romeiros para pedir e para agradecer às graças concedidas pela Mãe das Luzes (Mãe das Candeias). Com o tempo e com o crescimento da cidade, a ermida sofreu mudanças, e foi construída a Gruta dos Milagres e a pequena capela transformou-se na Igreja Matriz e Santuário de Nossa Senhora das Candeias.
Descrições:
A Praça: à direita da Igreja está a Praça Pio XI. Em dias de festas serve para a circulação do grande número de romeiros que visitam o Santuário. A praça é arborizada e está em muito bom estado de conservação.
Esplanada: a área de acolhimento é grande e em dias de festa e comemorações um palanque é armado na esplanada e a missa é realizada ao ar livre para que todos possam participar. A esplanada se encontra em boas condições.
Fachada da Igreja: A igreja é provavelmente do final do século XVIII e foi reconstruída no final do século XIX. A fachada principal está voltada para a baía de Todos os Santos, à sua frente um adro (pátio situado à frente da igreja). Cercada por um muro baixo e uma grade que foi acrescentada para maior segurança dos fiéis, a igreja é envolvida por uma balaustrada. Neste espaço, os romeiros dão três voltas antes de se banharem na fonte milagrosa. A fachada está dividida por pilastras em três partes. O corpo central apresenta a porta de acesso e três janelas de coro. Seu Frontão é de estilo neoclássico. A torre sineira é recoberta por um telhado. Toda fachada se encontra em bom estado de conservação.
O altar-mor é do início deste século, confeccionado em estuque (massa de gesso, água e cola usada em revestimento interno de construções). Há quatro presbitérios no altar, dois de cada lado. As imagens mais importantes do altar são a de Nossa senhora das Candeias, do Senhor do Bonfim, e os quadros de São Francisco de Assis e São Maximiliano Maria Kolbe. Além dessas, existem também as de Santa Terezinha do Menino Jesus, Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria. Segundo o especialista Gustavo Montebello, a imagem de Nossa Senhora das Candeias tem mais de duzentos anos, é de estilo barroco colonial e a maior parte dela é revestida em ouro, a imagem fica permanentemente no altar-mor da Matriz protegida por um nicho de bronze. Acima da imagem de Nossa Senhora, está a imagem do senhor do Bonfim em um nicho na parede do altar. Os quadros de São Francisco de Assis e São Maximiliano Maria Kolbe estão fixados nas paredes do altar-mor, um à direita e o outro à esquerda. Ao lado do altar está a sacristia, que possui um móvel antigo e alguns quadros. O estado de conservação tanto do altar quanto das imagens é bom.
A Fonte dos Milagres, o Velório e a Sala de Ex-voto
Ao entrar na Fonte dos Milagres, encontramos uma fonte artificial. Descendo as escadarias, do lado esquerdo, encontramos duas salas: o velório e a sala de ex-votos. O velório se encontra em bom estado de conservação. Na sala de ex-votos pode-se encontrar dezenas de peças de cera e de madeira em formatos diversos (pernas, braços, mãos, cabeças etc.), também objetos como imagens de santos, quadros, muletas, fotos etc., símbolos das graças alcançadas pelos devotos. Mais um pouco abaixo, encontra-se a Fonte Milagrosa - uma cobertura simples, com duas bicas abertas na parede do meio, onde corre a água milagrosa que, segundo os devotos, traz a cura do corpo e da alma.
Romaria
Durante o ano inteiro, chegam à cidade romarias vindas de todas as partes do país. Porém, o número de romarias aumenta muito, no período de novembro a março. Do lado da Igreja Matriz há “a casa dos romeiros”, uma construção com algumas salas, onde os romeiros podem descansar e fazer suas refeições.
Procissão
Programação da festa de Nossa Senhora das Candeias
01 de Fevereiro - Novenário da Padroeira
02 de Fevereiro – Missa solene da festa de Nossa Senhora das Candeias
03 de Fevereiro – Procissão de Nossa Senhora das Candeias
O Santuário de Nossa Senhora das Candeias, de maneira geral, se encontra em bom estado de conservação. A história do Santuário, o clima espontâneo e alegre dos moradores e a beleza tanto da arquitetura quanto do acervo da Igreja, é um convite irresistível a todos aqueles que se interessam tanto pelo patrimônio como também pela história da religiosidade que envolve a cidade.
Referências Bibliográficas:
Manual dos Romeiros de Nossa Senhora das Candeias. 7 ed., Salvador: Gráfica Santa Helena, 2003.
OCETEK, Stanislaw. Nossa Senhora das Candeias. Salvador: EGBA editoração eletrônica., 2003.
IPAC- BAHIA. Inventário de Proteção do Acervo Cultural. Salvador: IPAC
segunda-feira, 2 de julho de 2007
Dos Mestres Gilberto Freire e Mário Barata.
LIVRO: Ex-voto
AUTOR: Gilberto Freire e Mário Barata.
EDITORA: Áries
A beleza de muitas das peças escolhidas por Mário Cravo Neto para serem fotografadas, em vista deste livro por ele programado, atinge tal realce que consolida a presença do ex-voto escultórico brasileiro no panteon reduzido, entre nós, das criações artísticas dotadas de grande intensidade plástica, realizadas por brasileiros. Após o livro preparado por Luís Saia desde 1938, e publicado em 1944 pelas edições gaveta, de São Paulo, esta é a segunda contribuição documental de caráter extraordinário com rigorosa seletividade a apresentar nossos ex-votos tridimensionais em campo editorial. A primeira, porém foi uma descoberta tardia e convém interpretar aqui essa circunstância da nossa civilização, pois ela explica muito do intercurso entre a cultura e o momento histórico e o entrecruzamento de diversas influências culturais. isso serviria de introdução ao estudo e conceituação dos próprios ex-votos, vistos como obra de arte,como se podem fazê-los mais de quarenta anos após o primeiro impacto que produziram na sensibilidade dos estudiosos de arte, etnografia e folclore no Brasil. (p.13)
O estudo – ao menos artístico – dos ex-votos escultóricos populares no Brasil é, portanto novo. Luís Saia, no citado livro, diz que ao sair de São Paulo para a missão etnográfica de 1938, enviado pelo departamento de cultura da prefeitura Municipal de São Paulo, nenhum dos responsáveis pela entidade e pelo planejamento do trabalho e nem os estudiosos que contactou já no nordeste, alertaram-no para a existência de ex-votos de madeira na região e sua eventual importância. Textualmente, o autor diz: “nem eu nem os que me informaram antes e durante a viagem sabiam nada acerca do milagre de madeira” (p. 9). Os responsáveis diretos pela excursão foram Mário de Andrade e Oneyda Alvarenga, esta especializada em dados musicais. (p.13)
O primeiro era estudioso dotado de grande cultura que todos lhe reconheciam e unindo a sensibilidade do olho ao interesse pela arte moderna e pelas artes populares. Na sua coleção de obra de arte, conservada no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, só há uma pequenina cabeça de madeira, como evidente ex-voto, mas de pouca importância. Incomparável é o valor do conjunto de pinturas e desenhos modernos. Vê-se que, como colecionador, ele não chegou a ter, mesmo a partir do final de 1938 até 1945, ano em que morreu, a oportunidade de dedicar tempo maior a este campo de formulações plásticas do folclore e do visionário brasileiros. Mário de Andrade, no segundo semestre de 1938, achava-se no Rio, dando aulas no Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal, criada em 1935 por Anísio Teixeira. (p.13). E fala de cubismo em arte atual, recusando a categoria de primitivo-estético para a contemporaneidade, mas realmente não alude à força e à forma das cabeças ex-votos elaboradas no Brasil, cuja conexão com a escultura de origem afro-negra Luis Saia apontaria, comparando-as subseqüentemente com o cubismo nas artes eruditas. (p.14)
Ao que tudo indica, portanto, esses ex-votos não participavam em 1938 das reflexões históricas ou estéticas sobre a cultura visual no Brasil. A grande inovação dá-se com o achado de Luís Saia por ele descrito, como vimos, como descoberta e surpresa, em seu livro de 1944. (p.14)
Saia estava preparado para sentir em justos termos o valor dessa revelação, embora nem todos os relacionamentos que fez e interferências que deduziu em torno dos ex-votos em questão sejam razoáveis ou comprovadas. Todavia, ele conseguiu captar em termos de conhecimento o essencial do seu aspecto formal. Sua vivência em São Paulo, onde desde 1922 o cubismo e suas conseqüências foram estudados pelos modernos, no ambiente que Luís Saia, jovem arquiteto, passou a freqüentar, tornando-se amigo de Mário de Andrade, explica isso. Este último, convidado por Rodrigo M. F. de Andrade para dirigir o setor paulista, hoje delegacia da SPHAN, do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, bem cedo levou Saia para essa repartição pública, onde ele continuaria a trabalhar até o final da sua existência. O SPHAN sabe-se, unia o interesse pelo passado ao amor pela arte moderna, metodologia que foi bastante útil para abordagem dos ex-votos folclóricos. (p.14)
Por outro lado, em 1934 alcançara repercussão nacional o Congresso de Estudos Afro-Brasileiros realizado no Recife e, tanto ali quanto na Bahia, as pesquisas e os livros sobre a contribuição negra à vida do Brasil ficaram mais em evidência e foram produzidos em maior número. Esse clima “dos anos 30”, de interesse pelos estudos afro-brasileiros e negros em geral, confluiu com o conhecimento do cubismo para que Luís Saia valorizasse e bem interpretasse os ex-votos de madeira, considerando-os e classificando-os a partir de aspectos da arte afro-negra, que muitas cabeças apresentavam. As pesquisas sobre nossa medicina popular e os estudos das religiões (p.14) da mesma origem, então feitos ou publicados, conduziram Luís Saia a um exagero no tocante à ênfase com que ligou o ex-voto de madeira a uma função mágica, na qual a doença se transmitiria para o objeto. Assim, o estudioso praticamente deixou a tradicional função de ex-voto, de ser um agradecimento à divindade, substituindo-a por hipótese sobre participar esse tipo de objeto votivo de uma modalidade mágica de cura. A posição do primitivo em face da morte impressionou Saia, que força também uma interpretação de ligação dos ex-votos com “os costumes relativos aos mortos”, estes muitas vezes de grande intensidade emocional e mística. Ora, a morte não é assunto é assunto essencial aos ex-votos, que Saia encontrou em cruzeiros e capelas e não em cemitérios. Também nunca se aventou a idéia de que essas cabeças sejam representações de espíritos de defuntos. (p.15)
O caso dos “cruzeiros dos acontecidos” assinalando a fé católica vinda em socorro da vítima de violência ou desastre, não é indicativo de que o cruzeiro Isto é, a cruz, colocada em certos locais seja uma ligação com certos mistérios da morte, do que uma expressão de crença cristã, nesse domínio. (p.15)
O mais simples é ligar o ex-voto, com a função, ao agradecimento à divindade, observando-se paralelamente certas complexidades de inter-relacionamento entre contribuições católicas e de outra origem, atuando na continuação dessa forma de culto religioso, que não parece surgir, como tipo, em terreiros de candomblés e xangôs, o que é verificação importante para situar esta criação plástica e funcionalmente religiosa, no plano das religiões. (p.15)
As romarias católicas na Europa e no Brasil, as igrejas de peregrinação, comprovam a força, no catolicismo, da tradição do ex-voto de agradecimento. O fato do ex-voto de madeira esculpida ocorrer mais no nordeste, onde também existem mais os exemplares com “corte artístico” africano, comprovam que a expansão deste objeto, manufaturado freqüentemente por carpinas profissionais como soube, através de depoimento recolhidos por ele, Luis Saia, conjuga-se em áreas pouco industrializadas à situação de uma forte densidade de origem africana no local. È verdade que se torna curioso verificar que essa simbiose de uma forma de origem africana – para as peças em que esta se torna evidente – expresse um fervor de origem católica. No plano da teoria da arte há outros exemplos de uma mesma forma-estilo poder servir à conteúdos diversos, às vezes opostos. O neoclassicismo arquitetural mais agudo tanto serviu no final de século XVIII às expressões de republicanismo ou de revolução na França, como às pressões do absolutismo monárquico retardatário, na Rússia dos tzares. (p.16)
No caso da religião não se trataria de conteúdos propriamente opostos. A função do objeto seria exercida com uma aparente transferência de crença, ao serviço de mascaramento religioso contra a eventualidade de repressão de parte da religiosidade oficial, na hipótese de Luís Saia. Todavia a freqüência impenitente da deposição deste tipo de ex-voto em lugares católicos leva a presumir que se trata mais do que um simulacro de reverência à crua e ao que ela exprime como símbolo. A antropologia deverá pesquisar ater que ponto e em que grau o quantitativo de tradição de ex-voto, herdada diretamente dos gregos e romanos, era tão possante que obteve uma faixa de crenças populares, no amálgama do sincretismo alcançado desta vez a partir de costumes cristãos. E mesmo no costume cristão, pode servi-se eventualmente de soluções formais oriundas da tecnologia do corte imagístico de origem africana. Em arte, um dos elementos constitutivos é a técnica. E a técnica também pode servir a conteúdos diversos – ela é a mesma friamente impassível – como o século XX nos demonstrou com os exemplos mais lancinantes da guerra nazista. (p.16)
O aspecto sociológico e antropológico das causas e das funções dos ex-votos liga-se ao culto religioso e deverá ser mais estudado através de pesquisas que documentam as circunstâncias de uso dos mesmos em áreas marginais, revelem melhor a índole das crenças e práticas de seu culto, tanto nestas áreas como nas cidades de demografia religiosa intensa e “para-industrializada”. Não se conhecem cerimônias rituais (p.16) ou mistérios em torno da fabricação a deposição dos ex-votos, que são indicadas como simples atendimentos à formulação do agradecimento. Não se comprovaram soluções animísticas, nem entrosamento causal direto aos métodos de cura. Os dois nomes populares do ex-voto no Brasil, “promessa” e “milagre”, já indicam partir ele de uma promessa à divindade de modo genérico, a de levar o objeto-imagem a um lugar sagrado após o milagre alcançado, o cumprimento que reforçaria a gratidão transformada e exposta em objeto. Este poderia ser o retrato do próprio beneficiado-milagrado. (p.17)
Essa tendencialidade na doação de objetos (de forma e significado vários), como outras, obedece a certas constantes de soluções dentro do possível, nos tipos de atividades do ser humano, presentes através da História. Os romanos da antiguidade – que em parte acompanharam os usos de gregos nessas doações – colocavam os ex-votos não só em recintos edificados, mas em pórticos, terraços diante de edifícios e nas vias sacras que conduziam ao templo. O lugar seria sagrado também pela vizinhança ou complementaridade. Isso explica como hipótese inicial (a ser comprovada) que a utilização do cruzeiro simples para a deposição dos “milagres” não é resultado, no caso de um sincretismo com religiões não católicas, mas a própria expressão de tendência à substituição de um local sagrado por outro também sagrado, na medida em que a necessidade imporia isso, decorrendo de motivos topográficos. (p.17)
Entre os mesmos romanos ampliou-se a diversidade dos objetos ofertados – como ocorreria também na história do cristianismo – e além das figurações em relevo mais elaboradas, ocorreriam vasos sacros, objetos de variado tipo, representações da imagem do próprio doador e até de partes do corpo, objetos da cura, estas últimas, sobretudo, nos dons feitos ao santuário de Esculápio na ilha Tiberina em Roma, em local onde hoje há templo medieval e edificações de tipo pré-barroco, ainda com as belas pontes antigas ligando a ilha às imagens do Tibre. (p17)
No caso dos ex-votos brasileiros, quando se vê a cabeça retrato sem sinal de doença, pode ocorrer que seja a própria imagem do doador em tom respeitoso ou até “em prece” segundo, neste último caso, hipótese aventada para essas cabeças pela estudiosa Maria Augusta Machado Da Silva, que as designa de “orantes”. Daí a observação que ela fez sobre a posição do olhar em certos ex-votos. Mesmo que haja figuração de prece, essas peças constituem um dom, resultado de voto (promessa), sendo os objetos (p.17) que o externam concretamente. Eles são, portanto ex-votos. O termo em latim significa “consoante uma promessa”, ou mais literalmente “extraído de uma promessa”. (p.18)
N estruturação dos ex-votos têm se firmado historicamente os pedidos relativos a ações boas, o que se consolidou dentro da estrutura moral do Cristianismo, isto dito sem menosprezo por outras crenças onde o universo espiritual se constitui e comporta diferentemente. Faço a observação a serviço do maior aprofundamento da antropologia do ex-voto brasileiro, em busca de mais ou diversos elementos de eventual sincretismo religioso no país. Todavia, do exame superficial até agora feito pelos coletadores dessas peças é o agradecimento à “divindade” (santos, etc.) por graças recebidas, “boas em si” – não só a respeito diretamente de quem promete, em seu corpo ou estado de saúde, mas em relação a objetos de sua propriedade, como ocorre em peças do Instituto Joaquim Nabuco do Recife -, que resulta evidente e tem caracterizado as bases de seu estudo e de sua classificação. A referência aos ex-votos de máquinas existentes na coleção pernambucana acima referida é uma informação de Gilberto Freire e de Mário Cravo Neto, comprovando que se uma ferramenta agrícola, um trator ou um caminhão são quebrados, os possuidores podem fazer promessas, viabilizando o x-voto após terem obtido a graça. Esse agradecimento é obviamente católico nos casos tão numerosos dos ex-votos levados para Congonhas do Campo, Basílica de Nazaré em Belém do Pará ou Aparecida do Norte e Juazeiro do Padre Cícero, independentemente de hipóteses sobre o grau de catolicidade e de sincretismo, no empenho e nas condições da promessa feita do ponto de vista do próprio crente. Todavia, concretamente, pode-se definir a causa e também o modo de uso do ex-voto, como correspondentes a “moldes” católicos, mesmo se e quando adaptados. (p.18)
No Nordeste, a madeira mais usada em ex-votos é a de cheiro, que é de fácil entalhe. Mário Cravo neto chegou a encontrar ex-votos em que o aproveitamento de um galho de árvore, pela sua forma, que já indicava um pé humano, facilitou a execução da peça, que segundo ele conserva pedaço de casca de árvore na área onde estaria localizada a doença. È o único ex-voto que o fotografo encontrou pessoalmente e isso em um cruzeiro em Entre Rios, na Bahia. (p.18)
As pesquisas de Luís Saia, que também observou a freqüência de umburana como madeira suporte de ex-voto, localizaram-se, sobretudo na Paraíba e em Pernambuco. (p.18)
A coleta de material para as fotos de Cravo Neto foi realizada em coleções baianas feitas, sobretudo nas décadas de 50 e 60, como a de Renato Ferraz, Scaldaferri, Caribé, e Mário Cravo, hoje pertencentes à Fund. Gregório de Mattos, em Salvador, o que já implicou na existência de um gosto apurado de colecionadores na primeira seleção feita destas peças. Talvez por isso, o resultado nos dois casos, distanciados por 40 anos, se assemelha na freqüência de exemplares de “corte” africano, o qual também teria sido preferencialmente captado pelo gosto de Cravo Neto. Observe-se, para caracterizar a importância desse “corte”, que Saia coletava diretamente dos pontos de deposição e ante uma freqüência que parecia preponderante, pelo que ele concluiu. Todavia a conhecida foto de M. Gautherot a que nos refirimos ainda, feita em Canindé, Ceará, mostra exemplares de faturas rústicas e entalhe primário ou grosseiro em bem maior número, o que pode ter sido conseqüência momentânea de oficina trabalhando na época que o fotógrafo interessou-se em documentar ex-votos na região. (p.19)
As fotografias de Cravo Neto fazem intervir a mais o seu senso artístico da iluminação, favorecendo a visualização dos planos e relevos. As peças com a simplificação desses elementos formais tão do gosto da arte africana são de grande expressividade como as de número 36, 45, 101, 103 e 118. (ver fotos no livro ex-votos) O domínio do artesão, ao prolongar as curvas, unificando-as, ou ao mostrá-las, em alguns casos de orelhas, como pura síntese formal, em que o estilo é fortemente acentuado em relação à simples representação naturalista, a qual é ultrapassada. Por outro lado a simplificação em alguns rostos exprime um aspecto retratístico, no qual a elegância e a unidade de ritmos são praticamente clássicos. Observe-se que a mão de obra indígena na época colonial, orientada por religioso, atingira também um grau de classicidade na pureza da conformação dos rostos e na força de sua serenidade digno de nota, nos casos conservados dos sete Povos das Missões. (p.19)
Apesar de Luís Saia, em sua louvável pesquisa pioneira, haver descartado quase in limine a hipótese da mão-de-obra de origem indígena ter contribuído para a difusão do uso do entalhe na madeira para a confecção de ex-votos, essa hipótese deve ser levada em consideração devido à habilidade manual do indígena e seus descendentes imediatos, confirmada também pela talha barroca em Santo Alexandre de Belém do Pará e em capelas seiscentistas como a de Embu, em São Paulo. A presença numerosa do indígena “assimilado” no Nordeste é fator ponderável no exame da questão, (p.19) embora quando ocorra o “corte” africano deva considerar-se que o seu protótipo fora criado por carpinas negros, mesmo que não haja posteriormente detido o monopólio de sua forma. A vida e a expansividade das formas, irradiando-se além dos seus focos básicos de criação é fato notório em História da Arte. (p.20)
A maioria das peças de barro nas coleções estudadas por Mário Cravo foi encontrada em Sergipe, segundo ele, informou-me igualmente que peças de madeira com tratamento primoroso, como a cabeça de cavalo e a cabeça de homem pintada de verde, são de Pernambuco, tendo sido coletadas na pequena cidade de nome Santa Quitéria. Ele teria identificado como peças de maior dramaticidade de expressão as coletadas em Monte Santo, na Bahia. São experiências empíricas a se somarem às de outros pesquisadores como já sugeri neste texto. (p.20)
É urgente, porém, que essas outras pesquisas que complementarão os esforços de Luís Saia, no plano dos estudos dos ex-votos esculpidos, e de Cravo Neto, no dia da seleção estética de exemplares do Nordeste e sua publicação para exames comparativos, se façam já, pois as transformações sociológicas de nossas tradições e cultos populares entraram de novo em ritmo acelerado, dificultando a coleta de elementos primordiais que possam ser cotejados com os recolhidos na primeira metade deste século. (p.20)
Anote-se, porém, entre os ex-votos que figuram neste livro, os feitos de prata e ouro que são da Bahia, área em que se criaram os balangandãs, também de metal precioso, como resultado da presença africana na região. Ocorrem também ex-votos de barros, freqüentemente emergindo de soluções visuais arcaicas em que o acabamento não busca o harmonioso ou definições agradáveis da forma, contentando-se com uma indicação sumária mais vibrante de feições, riscos e planos fundamentais, tratados com energia gestual criativa, mais do que com uma tendência ao equilíbrio sem dissonâncias e ao acabamento minucioso de caráter naturalista. (p.20)
O exame artístico das obras selecionadas, que estão acima da média de qualidade dos ex-votos de madeira em geral, já é suficiente para comprovar que dentro da arte brasileira esta expressão pôde atingir um nível de valor altamente representativo das possibilidades populares na criação estética. Na cerâmica popular colorida do Nordeste, certos valores de pitoresco e de representatividade primam sobre a força profunda da plasticidade, que é em arte um dos elementos mais capazes de fornecer o impacto de força visual no seres humanos. A religiosidade deve contribuir para a solução alcançada nos ex-votos de pureza, com um apelo a colaboração das raízes mais profundas do elemento de origem africana passado a viver no Brasil. Conforme já vimos, as seleções de Saia e de Cravo Neto são limitadas em áreas geográficas, mas já constituem dados concretos, empíricos, a se somarem a outros a serem obtidos em futuras pesquisas documentadas. (p.21)